Recebo muitas cartas da “pior pessoa do mundo”. Às vezes, essa pior pessoa está a envelhecer e sente que desperdiçou a vida. Às vezes, é um adolescente que pensa em suicídio e está à procura de ajuda. Pessoas que causam a si mesmas momentos tão difíceis surgem em todas as idades, tipos e raças. O que há de comum entre elas é a falta de bondade amorosa em relação a si mesmas. […]
É muito triste ver como nos tornamos especialistas em causar mal a nós mesmos e aos outros. O truque está em praticar a delicadeza e soltar. Podemos aprender a encarar tudo o que surge com curiosidade, sem fazer disso uma grande coisa. Em vez de lutar contra a força da confusão, podemos ir ao encontro dela e relaxar. Quando agimos assim, gradualmente descobrimos que a clareza está sempre ali. No meio do pior cenário da pior pessoa do mundo, no meio do penoso diálogo que mantemos connosco, o espaço aberto está sempre ali.
— Pema Chödrön (no capítulo “Nunca é tarde demais”, de Quando tudo se desfaz)